terça-feira, 17 de novembro de 2015

O casarão da Av.Raul Sores


O CASARÃO
Muitas vezes passei em frente àquele casarão, não sabia ao certo de que estilo ou época ele  pertencia, o que mais me chamava a atenção era a  beleza presente nos  detalhes de sua arquitetura, de seus jardins. Portas e janelas de   madeira, portão de ferro...Tudo me fazia remeter àquelas construções antigas grandes festas,  saraus, senhoras e senhoritas, amores e paixões escondidos, quem sabe...
Quantas histórias aquelas velhas paredes deviam segredar, era tamanha a minha curiosidade, incomum com certeza à maioria das pessoas que circulavam por ali, talvez  nada lhes despertasse aquela construção. Mas cada indivíduo tem seu jeito próprio de ser e  de sentir e ver o mundo , os fatos, o seu entorno. As vivências são várias, os devaneios, as construções do pensamento, as alegrias e por que não as frustrações. Somos verdeiramente o somatório de tudo o que vivemos.
Resolvi falar sobre o casarão da Av. Raul Soares,em minha cidade Carinho, pois recentemente um incêndio destruiu grande parte da sua estrutura, disseram-me que o trânsito parou,  e quem por ali passava despercebido, se espantou  com o fato. Assim que tive uma oportunidade resolvi revisitá-lo, as paredes ainda estão de pé, por trás de seus altos muros recobertos de hera pude ver as janelas laterais  arrombadas, será que junto com elas as histórias ali vividas também se esvaíram, se perderam nos destroços? As minhas lembranças não conseguiram apagar. Sempre passarei por ali e lembrarei daquela construção e de tudo  aquilo que ela foi e é capaz de despertar em mim. Somos como uma obra arquitetônica, uma pintura talvez,  deixamos marcas, imprensões por onde passamos, que sejam pois marcas positivas, que não se esvaiam como a poeira, mas que estejam cravadas positivamente na vida das pessoas com as quais defrontamos. Não precisamos dizer muito, precisamos apenas existir, como aquele casarão, que mesmo sendo de cimento e pedra, diríamos sem vida, foi capaz de despertar em mim, coisas que nem eu mesmo tinha consciência. De certo que não se vê bem sem os olhos do coração.

 

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